Artigo

Minha pequena, amo-te!!

Tinha-te escrito o texto anterior antes de ouvir a tua opinião do que pensavas sobre aquilo que te disse.

É no diálogo que ajustamos ideias, é no diálogo que discutimos pontos de vista, por isso é que as nossas conversas são mágicas!!! Por favor não me leves a mal pelo que te disse, só te queria mostrar que não quero ficar longe de ti, que és importante demais para mim, que preciso de ti!!!

Se fossemos iguais não tínhamos a mesmo piada, por isso mesmo é que eu sou uma torre gigante que se abala com o vento tantas vezes e tu a magia, toda a fofura numa pessoa baixinha que me prende à vida : )

Tenho inveja da tua altura xd Tenho aqui um puff, para onde vou ler o livro que me recomendaste. Tenho inveja porque se estivesses aqui poderias dormir nele, buscar um cobertor, e te aconchegares de forma tão fofa no meio dele. Olho para o sofá, também vou para lá ler, e volto a ter inveja de ti. Poderias deitar-te nele, adormecer a ler o livro, não teres a preocupação nem as dores de cotovelo por estares tanto tempo assim xd Quero-me queixar disso a ti ahahah

Já li muitas páginas do livro que me recomendaste, estou a gostar da história, do tema, do modo como a sociedade idealiza, prende e restringe os sonhos das pessoas.

Já li o capítulo em que o “Borralho”, alcunha que lhe puseram, vai de comboio para o seminário mas com medo da viagem, do futuro, de deixar para trás a vida que tinha na sua aldeia, do Calhau que o acompanhou até aquele comboio mistério.

Fiquei parvo com a reação da mãe do narrador participante e personagem principal desta história, com a distância que teve deste, ao enviá-lo assim, para um mundo diferente, com certo desprezo. As mães não fazem isto… Não devia ser chamada de mãe sinceramente, é a minha opinião.

Fiquei chocado com o modo como a etiqueta, o medo, restringe estas pessoas à vida, à liberdade de serem seres humanos e que defendo sempre. A paisagem ia passando enquanto iam de viagem, e o que será que esses companheiros de viagem do Borralho iam pensando? O que o Gama ia pensando? Que sentido tem a rotina? O Borralho era o único que nessa primeira viagem sentia a paisagem, ainda se encontrando com a sua pureza, com os princípios de liberdade que ia perdendo no decorrer daquela viagem, como quando ia apreciando a comida que tinha levado para a viagem, que nunca outra foi a mesma.

Gostei do contraste de conceitos que o autor usa no livro, quando se refere “Submerso na noite, perdido na confusão dos fatos pretos, que iam agora correndo ao longo dos campos ermos” que contrasta com o título do livro “Manhã submersa” associada à partida da aldeia nesse dia.

Utiliza várias vezes a cor preto aos seminaristas, com significado pesado. Estou a gostar do modo exorbitante que ele aplica nas frases, palavras rebuscadas, quase todas associadas a coisas negativas, é diferente do que costumo ler.

Li também o segundo capítulo, da chegada propriamente dita dele ao seminário e do primeiro dia dele lá.

É como se tudo fosse uma prisão, todos enclausurados onde mora uma “multidão silenciosa”. Detestei o cinismo do padre, da etiqueta, das sentinelas, para quê? Automatizar as coisas tem sentido? Todas as pessoas são diferente caramba.

A regra da sobrevivência era precisa? Para quê incentivar o ser humano a ser assim? “Inexoravelmente, os mais velhos, a coices de cotovelo, iam-me passando adiante”.

A melhor educação será a de sacrificar fisicamente uma pessoa? “segurando-me tenazmente por uma orelha, alguém me repuxou a cabeça várias vezes, e devagar, para a direita e para a esquerda, até ma deixar, por fim, na posição correcta”.

O autor acho que deixa um aviso ao que o Perfeito faz. Associa a medo, terror.

Ele desprende-se dos rituais do seminário, sonha com aldeia, como a vida dele antes daquela manhã submersa de nuvens entre as encostas.

Li também o capítulo 3. Ele associa adjetivos da sua terra natal “a terra verde e vermelha” aos seus pensamentos. Distancia-se daquele sítio várias vezes. Havia claramente descriminação entre “alunos feios e bonitos.”, isto é correto? Somos todos iguais, pessoas com mais dificuldades e outra com menos. Ricos e pobres? Que discriminação é esta?

Borralho estava claramente desconformado “Mas eu não dormi. Fiquei ainda ali longo tempo, sozinho, perdido no meio da noite, sem esperança.”, olhando os restantes colegas enquanto dormiam como “tudo tinha um sinal de morte”.

Gostei da força de vontade expressa na frase “Não chores. Vê se és capaz de te aguentar, vê se és capaz.”. Por vezes nós na vida somos assim, revivi-me nesta frase, dos momentos que já vivi quando sonhamos tanto com uma coisa especial como o teu amor e não aguentava a solidão de viver fechado no meu quarto a pensar em ti, sem te contar.

Hoje irei ler o capítulo 4, adorei o começo do livro.

Obrigado por me teres recomendado este livro!! Quero antes de acabar este texto, dizer que nunca passei um sábado tão bom, passei-o junto da tua companhia. Aos Sábados era o dia em que sofria mais à noite, chorava tanto, admito... Sinto-me tão bem, só tu me consegues proporcionar isto!!!!

4 JUN, 2017 0

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